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A espera prolongada a aguardar a realização de uma cirurgia de prótese da anca, tem custos inerentes próprios e sociais bastante elevados

 

03/01/2011

É inadmissível que um doente seja obrigado a ter que esperar durante oito meses, para realizar uma artroplastia da anca quando proposta num hospital público, e depois acabe por a ir efectuar após esse período, numa instituição privada por conta do mesmo, no âmbito do SIGIC adicional. (Francisco Santos Silva)

Coimbra, Janeiro de 2011 - A espera prolongada em “lista de espera”, durante um período médio de um ano, para a efectivação de uma artroplastia, por um doente com artrose na anca, é sobejamente conhecido de que para além do sofrimento inerente, leva também à acumulação de custos com significado, quer para o doente e família quer para a sociedade.

Esta é uma das principais conclusões de um estudo conduzido por Ola Rolfson, da Universidade de Gotemburgo, e com base no inquérito efectuado a cerca de 40.000 dos doentes inscritos no registo Sueco de artroplastia da anca.

Nesta vasta série de doentes, a despesa efectuada com o conjunto dos variados recursos disponibilizados e afectos a cada doente nesta circunstância, durante o ano em que se encontrou a aguardar a intervenção, apresentou em termos médios, um valor de aproximadamente 6.000 euros (500 euros mensais).

Com base na informação retida deste estudo, Rolfson entende que há necessidade de futuramente se tomarem medidas adequadas no momento certo, de modo a alterar-se o compromisso actual para este tipo de cirurgia, no sentido mais correcto.

Francisco Santos Silva, ortopedista em Coimbra, apesar de não dispor de qualquer informação fundamentada sobre esta realidade no nosso país, crê devermos ter valores relativamente bastante mais baixos, mas em todo o caso e com toda a certeza significativos e um verdadeiro desperdício, em termos sociais para o nosso nível económico.

E acrescenta “ é inadmissível que um doente seja obrigado a ter que esperar durante oito meses, para realizar uma artroplastia da anca quando proposta por um ortopedista num hospital público, e depois acabe por a ir efectuar após esse período, numa instituição privada por conta do mesmo, no âmbito do SIGIC adicional. Para além disso com um envolvimento ético gravíssimo, pois que dois meses após a sua realização e por força do articulado contratual nesse programa, o doente é literalmente abandonado pelo cirurgião que o operou e atirado obrigatoriamente para um outro do hospital de origem, que não teve qualquer responsabilidade naquele acto”.

E continuando propõe “ uma vez que o Estado Português, está visto que não tem ou não quer ter? nos seus hospitais a capacidade de resposta em tempo útil para este tipo de cirurgia, então não será mais adequado e eticamente defensável, estabelecer acordos com as mesmas instituições privadas, para que desde o inicio o doente possa ter acesso aos serviços necessários, se assim o pretender e em alternativa, sem andar a perder tempo nos hospitais e sem ter que ser abandonado pelo cirurgião responsável ao fim de dois meses?”