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ARTROPLASTIA DA ANCA

 

artropastia da anca

O avanço mais notável da cirurgia ortopédica para o tratamento da artrose da anca

Todas as articulações podem ser envolvidas pela artrose. Contudo a anca é das mais vulgarmente atingidas.

Na anca, as superfícies articulares em presença, são por parte do fémur (osso da coxa) uma esfera de mais ou menos 48 mm de diâmetro, revestida de cartilagem e por parte da bacia uma concavidade esférica também revestida por cartilagem e com a função e medidas adequadas para receber a cabeça femoral, que nela se aloja. A sua geometria permite-lhe amplitude de movimento de 360º.

Os ossos de uma anca são mantidos constantemente na sua posição relativa por ligamentos e tendões, que permitem apenas os movimentos normais. Para além destas estruturas, os músculos são também determinantes para a manutenção da estabilidade da articulação, sendo esta por sua vez reforçada por uma cápsula fibrosa, no interior da qual uma pequena quantidade de líquido “sinovial” actua como lubrificante e alimenta a cartilagem.

Na ausência mais ou menos completa da “ almofada ” de cartilagem os ossos passam a roçar directamente entre si, causando maior atrito, com consequente sensação de dor e limitação de movimentos. Com a evolução no tempo, acabam por sofrer deformação de significado bem visível nos exames radiográficos.

Por outro lado, as estruturas de contenção da articulação, como os tendões, ligamentos e cápsula, são colocados sob tensão excessiva, acabando por romper e inflamar. Estas alterações constituem uma importante causa de dor e incapacidade funcional, com definitiva limitação drástica do movimento.

Numa fase final, deixa de haver possibilidade de movimento articular.

Na anca qualquer grau significativo de destruição articular, deformação e perda de mobilidade, pode ser corrigido cirurgicamente de modo eficiente.

Por isso a solução cirúrgica surge como a única possibilidade de restabelecimento da forma e mecânica (biomecânica) da articulação.

O objectivo da cirurgia, no tratamento dos casos mais avançados e invalidantes de artrose da anca, é o de restabelecer a forma da articulação, devolver-lhe a estabilidade e a mobilidade e suprimir ao máximo a dor.

Nos últimos trinta anos, o desenvolvimento de implantes artificiais - próteses - com aquele objectivo, é sem dúvida o avanço cirúrgico mais notável do século XX, na área da cirurgia ortopédica.

Para a realização da artroplastia da anca, - aplicação de prótese - o cirurgião ortopédico procede à remoção total das superfícies deterioradas, bem como das estruturas periféricas comprometidas. Depois e após uma preparação adequada da extremidade superior do fémur e do acetábulo, fixa no primeiro um componente constituído por uma haste e uma esfera metálica e no segundo um componente semi-esférico côncavo em polietileno ou em liga metálica.

Esta fixação pode, consoante o tipo de doente e consequentemente de prótese, efectuar-se com cimento apropriado, ou por simples encaixe à pressão.

Da adequada congruência e estabilidade destes dois componentes, passa a depender a restauração da mobilidade e a função da anca.

Para a realização desta intervenção cirúrgica e decorrente da técnica cirúrgica e dos materiais utilizados, o doente necessita apenas manter-se internado durante um curto período, que é de quatro dias em média.

A utilização da auto-transfusão - utilização do sangue do próprio doente - recuperado durante o decurso e no final da intervenção cirúrgica, por sofisticada máquina de processamento contínuo (C.A.T.S.), proporciona ao doente uma garantia acrescida de qualidade do acto operatório, pela redução dos riscos.

Todo o programa de recuperação e readaptação funcional subsequente é efectuado normalmente em casa ou a partir de casa e a retoma da actividade normal do doente acontece entre os 2 e os 3 meses.

A excelência dos resultados é tão gratificante e encorajante, que é do conhecimento geral a existência de longas listas de espera, em praticamente todos os hospitais nacionais e estrangeiros, que disponibilizam este tipo de cirurgia reconstrutiva.

A Sir John Charnley, pioneiro da artroplastia da anca, deveremos dedicar como forma de tributo que lhe é devido, a recuperação de milhares de doentes em todo o mundo.